Tentativas de suicídio

28/11/2012 23:57

Freqüentemente, realmente encontramos uma história de tentativas de suicídio mal-sucedidas. Mas elas são usualmente malsucedidas apenas por falhar em causar a morte. Se seguirmos a prática-padrão da análise do comportamento, identificando o que realmente sucedeu depois das tentativas de autodestruição, é provável que encontremos o suicida tornando-se um objeto de atenção e preocupação, o recebedor de afeto e simpatia. A culpa amacia vozes duras, afrouxa restrições e substitui ameaças por promessas de ajuda.
Entretanto, à medida que o tempo passa o ambiente coercitivo volta às suas práticas-padrão. Mas a tentativa de suicídio funcionou antes, por que não tentar de novo? E assim, vemos um processo cíclico, iniciado por pressões coercitivas e então mantido por bondade. Embora bem-intencionada, a bondade é destrutiva. A simpatia que se toma disponível apenas depois de suicídios “malsucedidos” toma prováveis novas tentativas. E então, uma dose é malcalculada, ou a ajuda não chega a tempo e uma tentativa de suicídio se torna “bem-sucedida”.
O próprio suicídio é uma forma de coerção, algumas vezes não-intencionada, mas freqüentemente deliberada. É uma maneira de fazer as pessoas se aprumarem e prestarem atenção e mesmo de fazer com que façam o que se quer. Membros da equipe de uma clínica psiquiátrica estavam certa vez em uma reunião, quando uma paciente adentrou a sala e parou em frente do gmpo, cortando seus pulsos com uma lâmina. O líder do grupo gritou: “Sala daqui, você vai manchar todo o tapete com sangue!” A paciente docilmente virou* se e saiu da sala. Mais tarde, naturalmente, tomou-se o cuidado de dar à paciente a atenção de que ela necessitava — contingente a açoes racionais. Ela não mais precisou de tentativas de suicídio coercitivas.
Uma pessoa também pode cometer suicídio para punir aqueles que, na realidade ou imaginação, exerceram coerção insuportável. Se ou não é assim intencionada, a autodestruição sempre vem como um choque punitivo para a família, amigos e comunidade. Então, responsabilidade é algumas vezes injustamente atribuída, ou mesmo incorretamente aceita. O que é importante depois de um suicídio não é a atribuição de culpa, mas a admissão da fuga. Controle coercitivo produz suicídio e, por sua vez, suicídio é ele mesmo coercitivo. Apenas reconhecendo a existência de pressões coercitivas teremos uma chance de resolver o problema último de desistir.
Sidman em: Coerção e suas Implicacoes